Malware de credenciais bancárias ultrapassa Qbot como mais disseminado no mundo

No Índice Global de Ameaças da Check Point Research de setembro, os pesquisadores relataram ainda sobre a nova campanha de phishing contra mais de 40 organizações na Colômbia e a liderança do Formbook após o colapso do Qbot em agosto

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A Check Point Research (CPR), divisão de Inteligência em Ameaças da Check Point Software Technologies Ltd. publicou o Índice Global de Ameaças referente ao mês de setembro de 2023. Os pesquisadores relataram sobre uma nova campanha de phishing direcionada a empresas colombianas, projetada para distribuir discretamente o cavalo de Troia de acesso remoto (RAT) Remcos. Enquanto isso, o Formbook assumiu o primeiro lugar como o malware mais prevalente na lista global após o colapso do Qbot em agosto.

Em setembro, os pesquisadores da Check Point Research descobriram uma campanha de phishing significativa que tinha como alvo mais de 40 empresas proeminentes em vários setores na Colômbia. O objetivo era instalar o Remcos RAT nos computadores das vítimas. O Remcos, que foi o segundo malware mais prevalente em setembro, é um sofisticado RAT do tipo “canivete suíço” que concede controle total sobre o computador infectado e pode ser usado em uma variedade de ataques. As consequências comuns de uma infecção por Remcos incluem roubo de dados, infecções de acompanhamento e controle de contas.

“A campanha que descobrimos na Colômbia oferece um vislumbre do intricado mundo das técnicas de evasão empregadas pelos atacantes. É também uma boa ilustração de quão invasivas são essas técnicas e porque precisamos empregar a resiliência cibernética para nos proteger contra uma variedade de tipos de ataques”, destaca Maya Horowitz, vice-presidente de pesquisa da Check Point Software.

Também no mês passado, o Qbot caiu totalmente da lista de principais malwares do mês depois que o FBI assumiu o controle deste malware em agosto. Isso marca o fim de um longo período como o malware mais prevalente, tendo liderado o índice global durante a maior parte de 2023 e permanecido na liderança da lista do Brasil desde o início de ano consecutivamente.

No entanto, há poucos dias, surgiram evidências que sugerem que o grupo de malware Qakbot continuou a realizar ataques cibernéticos, mesmo quando o FBI apreendeu a sua infraestrutura e desmantelou a botnet que construiu ao longo de vários anos. É preciso manter a resiliência cibernética como reforça Maya Horowitz.

Entretanto, o malware Chaes assumiu a liderança no índice mensal do Brasil em setembro. O Qbot visava o roubo de credenciais bancárias, já o Chaes é um ladrão de informações (infostealer) usado para roubar dados confidenciais de consumidores ou clientes, como credenciais de login e informações financeiras. O Chaes é conhecido por usar técnicas de evasão para evitar detecções de antivírus, e foi visto no passado visando clientes de plataformas de comércio eletrônico, principalmente na América Latina.

A equipe da CPR também revelou que a “Web Servers Malicious URL Directory Traversal” foi a vulnerabilidade global mais explorada em setembro, impactando 47% das organizações em todo o mundo, seguida pela “Command Injection Over HTTP” com 42% e pela “Zyxel ZyWALL Command Injection”, com impacto global de 39% nas organizações.

Principais famílias de malware

* As setas referem-se à mudança na classificação em comparação com o mês anterior.

Em setembro, o Formbook foi o malware mais difundido no mês com um impacto de mais de 3% das organizações em todo o mundo, seguido pelo Remcos com impacto global de 2% e o Emotet com 2%.

↑ Formbook – É um infoStealer direcionado ao sistema operacional Windows e foi detectado pela primeira vez em 2016. É comercializado como Malware-as-a-Service (MaaS) em fóruns de hackers ilegais por suas fortes técnicas de evasão e preço relativamente baixo. O FormBook coleta credenciais de vários navegadores da Web, captura telas, monitora e registra digitações de teclas e pode baixar e executar arquivos de acordo com as ordens de seu C&C (Comando & Controle).

↑ Remcos – É um cavalo de Troia de acesso remoto (RAT) que apareceu pela primeira vez em 2016. Remcos se distribui por meio de documentos maliciosos do Microsoft Office, anexados a e-mails de SPAM, e foi projetado para contornar a segurança UAC do Microsoft Windows e executar malware com privilégios de alto nível.

↑ Emotet – É um cavalo de Troia avançado, autopropagável e modular. O Emotet, antes usado como um cavalo de Troia bancário, foi recentemente usado como um distribuidor para outros malwares ou campanhas maliciosas. Ele usa vários métodos para manter técnicas de persistência e evasão para evitar a detecção. Além disso, pode se espalhar por e-mails de spam de phishing contendo anexos ou links maliciosos.

A lista global completa das dez principais famílias de malware em agosto de 2023 pode ser encontrada no blog da Check Point Software.

Principais setores atacados no mundo e no Brasil

Quanto aos setores, em setembro, Educação/Pesquisa permaneceu na liderança da lista como o setor mais atacado globalmente, seguido por Comunicações e Governo/Militar.

1.Educação/Pesquisa

2.Comunicações

3.Governo/Militar

No Brasil, os três setores no ranking nacional mais visados por ciberataques em setembro foram:

1.Finanças/Bancos

2.Comunicações

3.Saúde

Principais vulnerabilidades exploradas

Em setembro, a equipe da CPR também revelou que a “Web Servers Malicious URL Directory Traversal” foi a vulnerabilidade mais explorada, impactando 47% das organizações no mundo, seguida pela “Command Injection Over HTTP”, ocupando o segundo lugar com impacto global de 42% das organizações. A “Zyxel ZyWALL Command Injection” ocupou o terceiro lugar das vulnerabilidades com um impacto global de 39%.

↑ Web Servers Malicious URL Directory Traversal (CVE-2010-4598,CVE-2011-2474,CVE-2014-0130,CVE-2014-0780,CVE-2015-0666,CVE-2015-4068,CVE-2015-7254,CVE-2016-4523,CVE-2016-8530,CVE-2017-11512,CVE-2018-3948,CVE-2018-3949,CVE-2019-18952,CVE-2020-5410,CVE-2020-8260) – Existe uma vulnerabilidade de passagem de diretório em diferentes servidores web. A vulnerabilidade se deve a um erro de validação de entrada em um servidor web que não limpa adequadamente o URI para os padrões de passagem de diretório. A exploração bem-sucedida permite que atacantes remotos não autenticados divulguem ou acessem arquivos arbitrários no servidor vulnerável.

↔ Command Injection Over HTTP (CVE-2021-43936, CVE-2022-24086) – Uma vulnerabilidade de injeção de comando sobre HTTP foi relatada. Um atacante remoto pode explorar esse problema enviando uma solicitação especialmente criada para a vítima. A exploração bem-sucedida permitiria que um atacante executasse código arbitrário na máquina alvo.

↑ Zyxel ZyWALL Command Injection (CVE-2023-28771) – Existe uma vulnerabilidade de injeção de comando no Zyxel ZyWALL. A exploração bem-sucedida desta vulnerabilidade permitiria que atacantes remotos executassem comandos arbitrários do sistema operacional no sistema afetado.

Principais malwares móveis

Em setembro, o Anubis permaneceu em primeiro lugar como o malware móvel mais difundido, seguido por AhMyth e SpinOk.

1.Anubis é um cavalo de Troia bancário projetado para smartphones Android. Desde que foi detectado inicialmente, ele ganhou funções adicionais, incluindo a funcionalidade Remote Access Trojan (RAT), keylogger, recursos de gravação de áudio e vários recursos de ransomware. Foi detectado em centenas de aplicativos diferentes disponíveis na Google Store.

2.AhMyth é um Trojan de acesso remoto (RAT) descoberto em 2017. Ele é distribuído por meio de aplicativos Android que podem ser encontrados em lojas de aplicativos e vários sites. Quando um usuário instala um desses aplicativos infectados, o malware pode coletar informações confidenciais do dispositivo e executar ações como keylogging, captura de tela, envio de mensagens SMS e ativação da câmera, que geralmente é usada para roubar informações confidenciais.

3.SpinOk é um módulo de software Android que opera como spyware. Ele coleta informações sobre arquivos armazenados em dispositivos e é capaz de transferi-los para agentes de ameaças maliciosas. O módulo malicioso foi encontrado em mais de 100 aplicativos Android e baixado mais de 421 milhões de vezes até maio de 2023.

Os principais malwares de setembro no Brasil

Em setembro, o ranking de ameaças do Brasil alternou o primeiro lugar após a liderança consecutiva desde janeiro do Qbot. O principal malware no país no mês passado foi o Chaes, com impacto de 3,26%; em segundo lugar, o Nanocore apontou impacto de 2,43%; enquanto o NJRat permaneceu em terceiro lugar com impacto de 2,19%. O Formbook aparece em sétimo lugar (impacto de 1,42%) na lista nacional de setembro.

O Índice de impacto de ameaças globais da Check Point Software e seu mapa ThreatCloud são alimentados pela inteligência ThreatCloud da Check Point, uma rede colaborativa que fornece inteligência de ameaças em tempo real derivada de centenas de milhões de sensores em todo o mundo, em redes, endpoints e dispositivos móveis. A inteligência é enriquecida com mecanismos baseados em IA e dados de pesquisa exclusivos da divisão Check Point Research (CPR).

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