Sucesso e competência em uma área não significa aptidão em tudo. Recentemente li um artigo no LinkedIn que dizia do problema em transformarmos pessoas bem sucedidas em uma área em heróis para toda a vida e em todas as áreas. Não é porque alguém canta ou joga futebol bem que será também um bom empresário ou pai de família.
Creio que estamos vivendo mitos assim agora que a LGPD já é parte do vocabulário de muitas empresas e profissionais afins.
A proteção de dados é agora o que já vivemos com Compliance, CDC, SOX e o “bug do milênio” de antes. A diferença é que não há data de corte e sim muito trabalho em todas as frentes para adequação, conscientização, conformidade legal e sustentação das operações.
Nem mesmo as empresas multinacionais estão adequadas totalmente à LGPD porque agora o foco é certificação e integridade de dados pessoais tratados no Brasil. Além disso, a ANPD será uma nova Autoridade de Controle brasileira. Portanto, assim como a nossa tomada de três pinos, as interpretações e conceitos podem ser diferentes da maturidade europeia.
Mesmo sendo derivada e inspirada na GDPR, a Proteção de Dados Pessoais demandará muito trabalho ainda antes de estar “pronta”. Interna ou externamente serão necessários assessments/gap analysis técnicos, mapeamento de dados, ISO 27001, PCI, venda de soluções e equipamentos para segurança, acesso e backup, desenvolvimento e adaptação de aplicações, ferramentas de controle de privacidade, Data Privacy Management Systems; soluções para criptografar e anonimizar banco de dados e muito mais!
Pode haver um único gestor, mas é um mito que exista um único vendor ou “bala de prata” que consiga solucionar todos os pontos trazidos pela LGPD, em todos os segmentos ou para todas as empresas. Cada negócio deverá olhar para as suas necessidades de adequação e conscientização antes de decidir o que implementar. Isto deverá ser feito diretamente ou através de seus Trusted Advisors e um ecossistema próprio.
Dentro do Assis e Mendes, a Proteção de Dados pessoais não é um assunto novo. Há quase 15 anos trabalhamos com DireitoDigital e sempre tivemos contatos e desafios jurídicos envolvendo grandes volumes de informações e bancos de dados de milhares de usuários.
Mesmo assim, confesso que desde que começamos a implementar a GDPR em 2.017 para empresas brasileiras, aprendemos e aprofundamentos nossos conceitos sobre Privacidade, Finalidade e o que é razoável na equação entre Tecnologia e Segurança e Orçamento. Mesmo com tanta bagagem e interesse na área, não me julgo especialista ou capaz de cobrir todas as nuances que a LGPD necessita.
Mas a principal lição foi o contato com diversas empresas europeias e o entendimento dos passos que seguiram na Europa para adequação à GDPR.
Como agora está ocorrendo aqui no Brasil, houve a corrida do ouro de escritórios de advocacia que vendiam pareceres sobre o que significava a Lei; depois de vendedores de ferramentas que poderiam resolver questões ligadas aos pareceres.
Finalmente o mercado europeu amadureceu e encontrou empresas de serviços e consultorias específicas para servirem como Trusted Advisors.
São estes parceiros que realmente entendem as necessidades de cada negócio e apoiam as empresas desde a conscientização até o mapeamento dos dados e implementação técnica e operacional dos novos conceitos.
Ficamos felizes de hoje podermos trabalhar com diferentes parceiros e consultorias de todos os tipos nos novos desafios do Brasil e hoje também sermos reconhecidos como Trusted Advisors quando o assunto é Proteção de Dados.
Infelizmente, se um advogado perguntar se a empresa tem criptografia ou usa algum tipo de firewall e a resposta for sim; ele ficará muito contente e anotará isso numa planilha.
Mas temos que lembrar dos conceitos e princípios da Proteção de Dados, principalmente de questões que envolvem boas práticas, o “Security and Privacy by Design; or by Default”. O que os advogados não conseguem saber é se o firewall está de fato ligado e está cobrindo todas as necessidades da empresa; bem como se a criptografia, por si só, é capaz de resolver as questões técnicas que envolvem o acesso e compartilhamento de dados.
Preferimos nos concentrar no que sabemos fazer de melhor e cuidar apenas dos conceitos jurídicos deste novo padrão de governança de dados.
Pode parecer pouco, mas nossos trabalhos abrangem apenas:
E, claro, indo além, quando já houver uma consciência dos dados, numa segunda fase, também apoiamos nossos clientes e parceiros na:
Lembrem-se que o código-fonte é diferente do Código Civil!
Que venham os novos tempos, mais conscientes e seguros!
Por Adriano Mendes, sócio fundador da Assis & Mendes e DPO
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