Inteligência artificial, redes neurais, computação cognitiva e machine learning são alguns dos chavões aplicados à cibersegurança. Mas o que realmente significam? Os departamentos de marketing simplesmente reutilizam termos da ciência cognitiva para criar frases de efeito para chamar atenção da cibersegurança ou, na verdade, algo mais profundo está acontecendo?
Segundo Margareth Cunningham, principal cientista de pesquisa da Forcepoint, termos da ciência cognitiva não são rótulos arbitrários aplicados à cibersegurança. Historicamente, a relação entre a computação e a cognição surgiu há algum tempo, nos anos 1950, durante a revolução cognitiva, quando a ciência psicológica baseada no comportamento abraçou a mente e seus processos. Hoje, a ciência cognitiva é um domínio interdisciplinar em expansão que se sobrepõe a quase todos os aspectos da cibersegurança.
Para entender essa sobreposição, vale refletir sobre o pensamento. O que é preciso para pensar ou aprender? Depende apenas de um processo biológico que cada pessoa experimenta de forma isolada? É dependente da linguagem, de relacionamentos, experiências ou da personalidade?
O que descobrimos ao considerar as complexas influências biológicas e ambientais na cognição é que o campo da ciência cognitiva deve fundir e equilibrar insights de múltiplas disciplinas. Da mesma forma, a cibersegurança eficaz requer várias fontes e tipos de informações para construir uma compreensão dos sistemas de tecnologia e suas vulnerabilidades. Quando desafiada com a tarefa de proteger e compreender um sistema grande e cada vez mais distribuído, um único indicador de uma única disciplina não é adequado. Vamos explorar algumas definições básicas das disciplinas de ciências cognitivas, e como elas impactam tanto a ciência cognitiva quanto a cibersegurança.
A Psicologia (1) aborda experiências humanas internas e externas, tanto como indivíduos como em grupos. Para a cibersegurança, os princípios da psicologia nos permitem entender por que as pessoas são suscetíveis a ameaças como phishing e engenharia social, e como os sistemas são impactados pelo erro humano.
A Filosofia (2) é uma exploração crítica da realidade e do conhecimento, que pode guiar os sistemas de crenças humanas sobre a existência, a aprendizagem, os sistemas sociais e a ética. A maneira como percebemos o mundo — e o que acreditamos — afeta profundamente nossos processos de pensamento, nossa capacidade de aprender e nossos comportamentos.
A Linguística (3) é a exploração científica da linguagem. A linguística cognitiva (circa 1970) está diretamente ligada à ciência cognitiva e aborda tópicos relacionados à forma como a linguagem define o pensamento e a compreensão.
A Antropologia(4) é a exploração da humanidade, tipicamente através de uma lente cultural ou evolutiva. Sua relevância para a ciência cognitiva está na forma como os seres humanos constroem o conhecimento compartilhado, são engajados na interpretação de seus ambientes, e como o conhecimento define a forma como os seres humanos se relacionam e agem no mundo.
A Inteligência Artificial (5) é a simulação da inteligência humana em uma máquina e/ou computador. Seu objetivo é criar aprendizagem e raciocínio cada vez mais autônomos através de uma série de estratégias, incluindo reconhecimento de fala, processamento de linguagem natural (ver linguística) e visão de máquina. As aplicações de IA podem ser específicas (por exemplo, construídas para suportar uma necessidade bem definida ou específica) ou amplas (por exemplo, construídas para lidar com situações menos familiares, não estruturadas ou tópicos com pouca intervenção humana).
A Neurociência (6), mais especificamente a neurociência cognitiva, examina a biologia do pensamento e da cognição. Ela fornece uma compreensão profunda dos neurônios, dos circuitos neurais e das partes do cérebro que nos permitem os processos mentais.
Esperamos que isso revele as conexões entre a ciência cognitiva e a cibersegurança, e forneça insights sobre os esforços multidisciplinares da Forcepoint para entender as melhores soluções de cibersegurança centradas no ser humano. E, ainda, que tenha reconhecido quanto destes fatores afetam sua vida diária. Hey Siri, o que vem a seguir em cibersegurança?
*Margareth Cunningham é a principal cientista de pesquisa da Forcepoint
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