Vazamento do Uber colide com venda de ações para SoftBank

Revelação da última terça-feira (21) pode fazer o grupo japonês querer alterar o preço do acordo preliminar de compra das ações detidas por atuais acionistas da companhia

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O vazamento de dados de milhões de usuários do Uber pode atingir a venda de ações da empresa para o grupo japonês Softbank, uma operação em que a companhia asiática poderá investir até 10 bilhões de dólares para ter uma participação de pelo menos 14 por cento no serviço de transporte urbano por aplicativo.

 

O Uber revelou na terça-feira (21) que a empresa pagou 100 mil dólares a hackers para destruir dados de mais de mais de 57 milhões de usuários e motoristas que foram roubados da companhia. A empresa também informou que sob o comando do ex-presidente Travis Kalanick preferiu não revelar a falha de segurança às vítimas e autoridades sobre o episódio ocorrido em outubro de 2016 e descoberto no mês seguinte.

 

Mas o momento do anúncio não poderia ser pior, depois que a companhia divulgou no mês passado um acordo preliminar com o Softbank que prevê a compra pelo grupo japonês das ações detidas por atuais acionistas da empresa.

 

A revelação do roubo dos dados pode fazer o Softbank querer alterar o preço do acordo com o Uber. Uma fonte familiarizada com o assunto disse à Reuters que o SoftBank pretende manter o acordo para investir no Uber, mas pode buscar termos melhores. O grupo japonês ainda não tomou uma decisão final sobre renegociação, disse a fonte.

 

Outra questão é o futuro de Kalanick, o co-fundador que levou o Uber a se tornar uma potência global, mas o fez adotando táticas agressivas e controversas. Em junho, ele foi forçado por acionistas a sair da presidência da companhia, diante de preocupações de investidores de que seu estilo de liderança prejudicasse a empresa. Ele se manteve no conselho de administração e com uma participação significativa no Uber.

 

Kalanick soube do vazamento dos dados dos usuários em novembro passado e estava ciente do pagamento de 100 mil dólares a hackers, de acordo com uma pessoa próxima ao assunto. Kalanick não quis comentar o assunto e o Uber não respondeu a perguntas da Reuters.

 

Governos ao redor do mundo iniciaram investigações na quarta-feira após a revelação da empresa e pelo menos dois processos coletivos foram encaminhados nos Estados Unidos contra a companhia por não revelar as falhas de segurança, expondo os usuários a risco.

 

Porém, especialistas legais afirmaram que o Uber provavelmente enfrentará impactos financeiros limitados por conta do vazamento dos dados. A empresa poderá conseguir minimizar os efeitos dos processos por causa de acordos com clientes e motoristas que obrigam o estabelecimento de arbitragens como forma de solução de disputas.

 

A professora de administração Cynthia Clark, da universidade de Bentley, afirmou que os riscos vinculados ao vazamento de dados podem afetar a oferta pública inicial de ações (IPO) do Uber, prevista para 2019.

 

Enquanto isso, Steven Rubin, advogado especializado em questões envolvendo segurança digital, afirmou que o Uber deverá esperar a partir desta semana mais auditorias e mais autoridades avaliando a companhia.

 

* Com informações da Agência Reuters

 

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